Olhemos agora para a origem do monasticismo na Igreja Ortodoxa. Vejamos primeiro as condições sociais do Oriente Médio e da Bacia do Mediterrâneo no período clássico tardio. Há algumas áreas que nos interessam mais especialmente: Constantinopla, Capadócia, Síria, Palestina e Egito.
A Síria e a Bacia do mediterrânea eram áreas sofisticadas e cosmopolitas. São Clemente de Alexandria, escrevendo em meados do século II, se refere ao budismo, do mesmo modo que São Cirilo de Alexandria em seus catecismos em meados do século IV. A brevidade dessas menções indicam que o budismo não era uma força séria nestas áreas, mas é importante perceber que a região não era isolada. Havia muito mais interação entre ela e o Oriente do que geralmente se pensa. Mais ainda, existiam várias heresias que eram mais ou menos prevalecentes na área, como por exemplo o maniqueísmo e o gnosticismo. Havia ainda mais interação através do Mediterrâneo, apesar das dificuldades para se viajar, do que geralmente se imagina; podemos perceber isto por meio dos Atos dos Apóstolos. O mundo intelectual destas regiões era muito sofisticado, semelhante aos nossos dias.
Fazemos esta apreciação para montarmos o cenários para nossas considerações sobre o desenvolvimento do monasticismo no Egito e na Síria. Hoje em dia, alguns acadêmicos defendem que Santo Antão, por exemplo, foi, pelo menos nas cartas que lhe são atribuídas, um escritor muito mais sofisticado e não cristão do que se supõe comumente. Nós duvidamos destas afirmações acadêmicas, desprovidas que são do phronema e mentalidade autêntica da Igreja Ortodoxa, mas é bom termos em mente as características da região.
Consideremos agora as fontes de nosso conhecimento do monasticismo ortodoxo. Existem três tipos de fonte primária: a vida dos santos, incluindo o período inicial dos ''Ditos dos Padres do Deserto''; escritos dos próprios santos, especialmente testamento e Typika ['regras'] para as fundações monásticas; e os tratados dogmáticos e ascéticos dos santos ascetas.
A maioria das vidas dos santos disponíveis foram coletadas e publicadas pelo menos no grego original pelos Padres Bolandistas. O ''Ditos dos Padres do Deserto'' foram publicados integralmente em várias edições em francês. A situação na língua inglesa não é boa.
O ''Synaxaria'', as coleções de vida dos santos, são usualmente edições modernas mais equilibradas, enquanto as vidas dos santos originais foram trabalhadas por um ou outro editor, o que é verdade até para a ''Synaxaria'' mais antiga. Assim, as edições críticas da vida dos santos terão preferência. Entretanto, ocasionalmente o único registro que teremos sobre a existência de um santo será uma breve entrada no Synaxarion. Isto ocorre especialmente com os santos anteriores ao Edito de Milão, em 313. Nos casos de um santo asceta anterior a esta data, o Synaxarion é o único registro de práticas ascéticas ou monásticas no período.
Os testamentos e typika do Império Bizantino foram publicados no grego orinal com tradução em inglês pela ''Dumbarton Oaks Research Library'', e a coleção inteira pode ser encontrada de graça on-line em [http://www.doaks.org/typ000.html].
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