sexta-feira, 17 de junho de 2016

Monasticismo Ortodoxo 2 - Origens da Prática Cristã


Olhemos para as origens do monasticismo como fenômeno cristão. No Antigo Testamento, encontramos o Profeta Elias como um tipo do monge: ele possui cabelo longo e despenteado; é celibatário e etc. Ao mesmo tempo que Elias, encontramos nas Escrituras fraternidades chamadas de ''Filhos dos Profetas''. As Escrituras silenciam sobre as práticas destes ''Filhos dos Profetas'', mas frequentemente se admite que elas eram monásticas em sua natureza. O Profeta Eliseu, escolido por Elias por ordem divina como seu sucessor, também era celibatário.

Extra-biblicamente, sabemos que por volta dos tempo de Cristo existiu uma fraternidade monástica chamada de ''Essênios'', que é citada pelo historiador Josefo, que afirmou ter passado parte de sua infância entre eles. Entretanto, o Novo Testamento mantém silêncio completo sobre os essênios. Naturalmente, não sabemos o porquê. Mas o silêncio das Escrituras sobre eles indica que não eram considerados pela Igreja nem como cristãos nem como judeus, nem como tendo qualquer conexão com Jesus Cristo ou São João Batista.

Finalmente, temos o próprio São João Batista. Aqui a Escritura é tudo menos silente. É claro que São João Batista é um tipo do monge: possui cabelos mal-cuidados; veste roupas feitas de pelo de camelo e um cinturão em torno da cintura; come gafanhotos e mel silvestre; vive claramente no deserto antes de do chamado profético divino para que pregasse um batismo de arrependimento.

Nos Atos dos Apóstolos, a comunidade cristã primeva é descrita tendo uma vida em comum, onde todos contribuíam para o tesouro comum e recebiam de acordo com suas necessidades, comendo também em uma mesa coletiva. Isto é usualmente tomado na Ortodoxia como um modelo divinamente inspirado de vida cenobítica. Entre os Apóstolos, a maioria era celibatária, especialmente São Paulo, que destaca em uma de suas epístolas que desejava que todos fossem como ele [celibatários], mas que cada um possuía sem próprio dom; e em outro lugar, que aquele que casa faz bem, mas aquele que não casa faz ainda melhor.

No Evangelho, o próprio Jesus Cristo era solteiro. Mais ainda, ao discutir o casamento, Nosso Senhor aponta que existem aqueles que se fazem eunucos pelo Reino dos Céus. Tal é interpretado pela Igreja não como aqueles que se castram fisicamente [o que foi sempre proibido], mas aqueles que adotam o celibato por amor ao Reino de Deus. A este respeito, é bom lembrar a afirmação de São Paulo de que aquele que casa tem de ter cuidado para agradar sua mulher [o mesmo vale para a mulher que casa com relação ao seu marido], enquanto que aquele que não casa pode se dedicar apenas a agradar a Deus. Entretanto, a passagem dos Evangelhos prossegue dizendo que o celibato não é para todos mas somente para aqueles a quem é dado, para aqueles, a passagem esclarece, que possuem esta força. Assim, podemos ver que as Escrituras nos ensinam que o celibato é melhor do que o casamento mas que nem todos são aptos para praticá-lo; e que, mais ainda, o propósito do celibato é libertar a pessoar para que ela se devote somente a Deus, à consecução do Reino dos Céus.

Nas epístolas de São Paulo existem referências a ''viúvas'' ligadas à Igreja e por ela sustentadas. Estas viúvas são tomadas por precursoras do monasticismo feminino. Em um lugar, São Paulo nota que as jovens viúvas deveriam casar de novo porque não se encontravam sólidas em seu compromisso com a castidade permanente e assim postergavam seu compromisso com Cristo.

Nos Atos dos Apóstolos, Dorcas, que foi ressuscitado dos mortos por São Pedro, parece ser um exemplo de uma viúva ligada à Igreja. Quando Pedro vai ao lugar em que os restos de Dorcas se encontram, a ele são mostrados os artesanatos feitos por ela para a Igreja.

Finalmente, fora das Escrituras, o filósofo judeu Fílon de Alexandria, que viveu no século I, escreveu um pequeno trabalho descrevendo os ''terapeutas'' e suas práticas. Os terapeutas viviam ao redor de Alexandria. Não se sabe quem realmente eram, mas uma das teorias era de que se tratavam de monges cristãos primevos.

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