quarta-feira, 20 de maio de 2015

O Relacionamento entre São Gregório Palamas e a Theotokos

São Gregório Palamas e sua justa família 
Todo santo ama a Panagia [Toda Pura].A santidade não pode ser entendida sem esta Theotokofilia. Ela ocorre porque os santos, depois de experimentar o Júbilo de Deus, comungar o corpo e o sangue de Cristo, e experienciar os dons da encarnação de Cristo, sentem a necessidade de dar graças também à pessoa que foi causa deste grande contentamento. É bastante conhecido que os santos são muito sensíveis e portanto gratos a cada pequeno dom recebido, e muito mais ainda ao grande dom da deificação da natureza humana, que ocorreu na tumba de Theotokos. Ela deu sua carne ao Filho de Deus para Sua encarnação.

Também é este o caso de São Gregório Palamas. Entretanto, o santo caiu de amores pela Panagia também por outras razões. Ele recebeu a visão dela em sua vida, ele era seu protegido. Devemos dar detalhes para demonstrar tal verdade, assim como seu biógrafo e monge, Philotheos Kokkinos, Patriarca de Constantinopla, os descreveu.
A primeira indicação é o fato de que desde a infância ele foi colocado por seu pai sob a proteção de Theotokos.

Antes da morte de seu pai, a mãe de São Gregório lhe pediu que pedisse ao Imperador para proteger suas crianças. Aquele santo homem não apenas recusou seu pedido mas a admoestou-a dizendo: ''Não deixo meus filhos aos governantes terrenos, mas os deixo à Senhora de todos, a Mãe do Rei dos Céus.'' E de fato, no momento em que disse estas palavras ele olhava para o ícone de Theotokos que estava em sua frente. São Philotheos afirma em sua biografia de São Gregório que as palavras de seu santo pai se tornaram verdadeiras, pois a própria Theotokos persuadiu o Imperador a tomar conta dos órfãos, mas também porque depois ''ela foi vista como a protetora e guia deles, e de todos os modos a salvadora tanto de suas almas quanto de seus corpos.''

A segunda circunstância que mostrou o cumprimento das palavras proféticas de seu pai e que mostrou que Theotokos era uma madrinha, governante e guia maravilhosa veio durante o período de seus estudos. No início de seus estudos, o santo possuía dificuldade em memorizar. Então ele estabeleceu uma disciplina para si, de não se aproximar dos livros e não começar a lê-los sem antes ajoelhar-se três vezes diante do ícone de Theotokos enquanto realizava uma oração. Quando passou a realizar isto todos os dias foi bem sucedido em memorizar e recitar facilmente as lições. Mas se alguma vez esquecia de seguir esta regra até mesmo a recitação falhava. Ao mesmo tempo, como diz Philotheos, a Panagia persuadiu o Imperador a ser guardião das crianças e a assumir todas as suas despesas. Além disso, o Imperador mostrava-lhes particular simpatia, pois os convidava para vê-lo e com ele conversar de um modo gentil e amoroso.

O terceiro sinal é do período de sua ascese no Monte Athos. Imediatamente após chegar à Santa Montanha, dedicou-se com grande zelo à ascese, jejum, vigília e oração incessante. É significativo, de acordo com as informações de São Philotheos Kokkinos, que ele orava incessantemente à Theotokos. Ele orava dia e noite a Deus tendo a Mãe de Deus como ''guia, protetora, mediadora, todo o tempo trazendo diante de seus olhos sua ajuda e semblante, com palavras e orações e movimentos noéticos, e ponderando o modo de obedecer ao seu [de Theotokos] guiamento.'' Assim, nos dois primeiros anos o santo orava constantemente a Deus tendo Panagia como sua guia e mediadora. A oração que ele dizia neste tempo era ''ilumine minha escuridão.''

Durante uma grande quietude, quando seu nous se voltou para seu interior e para Deus, João o Evangelista apareceu-lhe, não em um sonho, mas em uma visão, e lhe assegurou que havia sido enviado como ''mensageiro da Rainha do além'' para descobrir porque ele orava constamente ''ilumine minha escuridão, ilumine minha escuridão''. São Gregório respondeu que, dado que era um homem repleto de paixões, orava para ser iluminado por Deus de modo a se conformar à Sua Vontade salvífica. Então João o Evangelista disse: ''Não tema, não duvide...A Rainha de todos está ordenando para nós: 'Eu mesma serei sua ajuda'.'' E quando Sao Gregório perguntou-lhe quando Theotokos seria sua ajudante e aliada, se na vida presente ou futura, o Evangelista respondeu: ''tanto antes quanto agora, tanto no presente quanto no futuro''.

Esta aparição de São João Evangelista, enviado pela Toda Santa Theotokos, foi revelada pelo próprio São Gregório anos depois ao seu colega e monge Dorotheos, mais tarde Metropolita de Tessalônica. É característico que Theotokos tenha ouvido suas preces e lhe assegurando que, tanto agora quanto no futuro, seria sua ajudante e defensora, e mais ainda, que ela lhe iria preencher com dons divinos.

O quarto sinal é a revelação que Theotokos fez de si mesma para São Gregório. Foi no tempo que ele retornara à Lavra, mas permanecia no frontisterion de São Savvas, do lado de fora do Mosteiro da Grande Lavra. Uma vez ele orava à Panagia, ''a costumeira governadora e libertadora'', por ele e por sua escolta, para que sua jornada rumo a Deus estivesse desimpedida e que também tivessem o que precisassem para sua nutrição, a fim de que não negligenciassem a oração por causa da necessidade de procurar suprimentos. Então a Panagia, a Rainha de todos, apareceu em uma visão, ''vestida com modéstia e pureza'', como os santos ícones a apresentam. Muitos santos a acompanhavam. Ela se virou e deu-lhes ordens para servir São Gregório e sua escolta: ''De agora em diante vocês são mordomos das necessidades de Gregório e de sua escolta.''

E Sao Gregório foi assegurado que dali em diante ''todas as necessidades corporais seriam-lhe ofertadas sem esforço onde quer que se encontrassem.''

Do que dissemos se torna claro que São Gregório Palamas possuía uma relação próxima e comunhão com Theotokos. As coisas que ele escreveu sobre ela, e que veremos adiante, obviamente não são pensamentos secos, intelectuais e conjecturas, mas experiências com a Panagia. Isto explica seu grande amor por ela. Podemos também ver a progressiva manifestação e revelação de Theotokos. Em primeiro lugar, por meio da oração de seu pai, tomou-o sob sua proteção. Então lhe mostrou claramente que devia confiar nela pois o protegeria em seus estudos. Depois, através de João o Evangelista, assegurou-lhe que seria sua protetora e ajudante, e finalmente ela mesma se revelou pessoalmente. Através de toda sua vida o santo estava convencido de que tinha a proteção e ajuda da Theotokos, e portanto lutou com força e coragem, expôs a teologia da Igreja de maneira ortodoxa e refutou as heresias de seu tempo.


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