segunda-feira, 15 de maio de 2017

Dumitru Staniloae: O Conhecimento Racional e Apofático de Deus


De acordo com a tradição patrística, há um conhecimento racional ou catafático de Deus e um conhecimento apofático ou inefável, sendo que este último é superior ao anterior porque o completa. No entanto, Deus não é conhecido em sua essência através de nenhum destes, mas conhecemos a Deus através da via catafática apenas como causa criadora e sustentadora do mundo, enquanto através do conhecimento apofático ganhamos uma espécie de experiência direta de sua presença mística que ultrapassa o simples conhecimento dEle como causa que é investida com certos atributos semelhantes aos do mundo. Este último conhecimento é denominado apofático porque a presença mística de Deus experimentada transcende a possibilidade de ser definida em palavras, logo este é mais adequado a Deus do que o conhecimento catafático. 

Contudo, o conhecimento racional não pode simplesmente ser renunciado. Mesmo que o que ele diz sobre Deus não seja inteiramente adequado, este não diz nada que seja oposto. É justo que o que ele diga deva ser aprofundado através do conhecimento apofático. Além disso, até mesmo o conhecimento apofático, quando procura dar conta de si mesmo em tudo, deve recorrer aos termos do conhecimento do intelecto, embora preencha esses termos continuamente com um significado mais profundo do que as noções da mente podem fornecer... Em nossa opinião, estes dois tipos de conhecimento não são nem contraditórios nem mutuamente exclusivos, mas completam-se mutuamente. Em sentido estrito, o conhecimento apofático é completado pelo conhecimento racional de dois tipos, o que procede por meio da afirmação e o que prossegue por meio da negação. ... Quem tem um conhecimento racional de Deus, muitas vezes o completa com o conhecimento apofático, enquanto aquele cuja experiência apofática é mais pronunciada terá que se voltar aos termos do conhecimento racional ao dar expressão a esta experiência.

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